quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Água lilás


O Lil'Wayne e o Freeway são os meus rappers de eleição para este ano. Sobre o Freeway falarei numa próxima vez, depois de ter ouvido o Free At Last. Por agora, importa referir que o Wayne é um caso peculiar no hip-hop norte-americano. Isto não se justifica pela quantidade de mixtapes e de sessões pós-mixtapes que lança como quem muda de cuecas, mas pelo simples facto de adorar drogas. Venerar tirar o máximo proveito delas. E é por essa razão que o The Carter III é o disco mais antecipado de 2007. Ele sabe disso porque, dado o mar de expectativas gerado, quis alterar a data de lançamento para o próximo ano, mas também porque, em jeito de antevisão, resolveu juntar umas quantas faixas do disco e fazer uma (?) mixtape. A verdade é que, depois de a ter ouvido, fiquei com uma sensação que já é comum a cada disco/mixtape/conjunto-de-faixas-que-não-chega-a-ser-um-disco que ele edita: uma incoerência anormal e inimaginável. Há, realmente, boas faixas - "Zoo" tem um beat maravilhoso e "Prostitute Flange" tem tudo para ser um clássico -, muita alienação e, no fim, tudo soa a cacofonia. Acredito que seja fruto de uma personalidade fortemente vincada e louvo-o por isso. A escolha das capas é sempre do mais kitsch e parolo que pode existir; as faixas, tanto disparam em diversas direcções e se transformam em oceanos onde nos afogamos facilmente, como são do mais simples que a música popular pode criar e oferecer, conferindo-lhe um génio dinâmico e versátil. Acima de tudo, é uma pessoa grosseira, excêntrica e tudo o que diz nas entrevistas ("I wake up, smoke weed, fuck bitches, get my dick sucked - a lot- and come here to do this shit", confessou à Fader) e nas canções (o "fuck with me" em voz distorcida em "Kush") é puro reflexo disso. O que o faz ser a pessoa mais honesta e importante a aparecer em 2007.

3 comentários:

Simão disse...

Talvez erro meu, mas insisto sempre em duvidar um pouco quando se trata de hip hop. As tais capas, a onda, a batida, tudo não passa de disco riscado.

Mas esta tua crítica até me leva a suspender um pouco o meu preconceito, portanto o que é feito de um simples mp3 de uma ou duas faixas (já que tanto aclamadas por ti)?

Um abraço.

FMC disse...

O mais simples e fácil é ir ao youtube e pesquisar pelo nome dele. Aparece-te uma lista interminável. É só escolher. A grande maioria das faixas surge acompanhada de imagens foleiras e absurdas, mas chega perfeitamente.

diogo disse...

falta-te a melhor capa:
http://datpiff.com/images/tapes/The-Rapper-Eater-mid5125-large.jpg

adoro a rmx da 'prostitute' com a trina