quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Brilho escuro


Será pedir muito a morte do DJ Khaled? É que, não sei, ouvi-lo gritar "We the best" ou "We takin' over" no início de todas as produções e parcerias do Rick Ross torna-se pouco estimulante e digno de bocejo. Para não dizer desprezível. Pelo contrário, a contribuição contínua do T-Pain é um valor enorme que enriquece uma meditação em torno do capitalismo que, à partida, se mostra pouco rendível. Esta não é excepção. Facto: o Rick está com um flow cada vez mais ofegante e fatigado, o que me leva a pensar que ele faz as gravações sentado numa poltrona forrada a ouro, depois de uns breves minutos a correr na passadeira. Faz todo o sentido, já que o novo hábito dele é mostrar o peito enorme que tem (tudo começou aqui e já se expandiu).

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Mamã


Finalmente o devido mérito ao Bobb Trimble. O nome dele nunca passou de mera vadiagem por pequenos artigos dedicados a pérolas obscuras do psicadelismo americano, mas a reedição dos dois discos originais dele serviu de sopro para, pelo menos, dar a conhecer ao público uma obra genial como Iron Curtain Innocence. Bom, basicamente, é o que o Ariel Pink anda a fazer hoje em dia: domar a pop com ácido debaixo da língua. "Your Little Pawn" faz-me pensar que ele merece um trono no Céu.

Lúcias amigas


É seguro dizê-lo: "Shove It" da Santogold é um daqueles belos presentes que não são vistos como tal por terem um embrulho foleiro. O lado trashy da pop sempre me deu a volta ao estômago (cores berrantes ferem-me severamente os olhos) e é o que há de mais vistoso nela. Mas "Shove It" banha-se de dub, soa incrivelmente bem e não se perde por arriscar. Por favor, alguém que peça ao Naeem Juwan para editar uma mixtape com freestyles por cima de malhas do Keith Hudson.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Pureza no alcatrão


À excepção de Baltimore, Brooklyn parece ser o local de acolhimento perfeito para todos os tipos marados da tola e que pretendem investir no desconstrutivismo e insanidade através da música. Não é novidade nenhuma que Nova Iorque tem um background notável em matéria de espaço de autonomia artística, mas o caso do bairro citado em particular demonstra uma enorme transgressão dessa ideia, quando se olha para os Black Dice, Excepter e Yeasayer. Não é preciso ir muito longe, quando o 77 Boadrum foi realizado pertíssimo da Brooklyn Bridge. Esta tendência perpétua para a experimentação é amplificada agora pelos Free Blood. Descobri a página deles há bocado e a primeira conclusão a que cheguei foi que o início da "Weekend Condition" é um pastiche de uma faixa dos TV On The Radio (err, Brooklyn mais uma vez) à vossa escolha. Já a "Grumpy" agrada ao ouvido pelo falsetto e pelos arranjos de cordas no refrão. É um casal e, enfim, é melhor do que outros que por aí andam.

Salada de caracóis


Mais uma prova de que a Shady Records sabe no que aposta: Bobby Creekwater. Um tipo com a devida classe, que evita registos forçados (sofríveis) ao máximo, fazendo lembrar um Guru menos messiânico e mais focado em receber pessoas de tuxedo e Baileys bem agitado, mesmo que o propósito seja informal. "OJ Simpson" é boa como tudo.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Ambulância da dor


Apesar de muitos s'esquecerem, tudo é geracional. Tudo se constrói por fases que demoram o seu tempo e o tempo que as pessoas querem que demore. A partir do momento em que a novidade se transforma em tédio, gera-se a efeméride e um buraco negro para o qual, obrigatoriamente, ninguém deve apontar lanternas. Há quem não entenda isso. Passei a tarde inteira a ver televisão e, por uma publicidade pobrezinha, descobri que ainda se dá valor a uma banda como os Korn. O nu-metal, fechado na sua estranha forma de vida, ainda tem alguma coisa a oferecer ao mundo? Se tem, passa, essencialmente, por bafio.

(Opinião de quem já usou o cap vermelho dos Yankees e Adidas Superstar.)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Turmas de borracha

(Falei no Diabo no post anterior e ele agora aparece-me com uma classe gigantesca. Mike Love + Fela = Roc Boys.)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Choro



O Re-Up Gang está de volta com mais uma série da mixtape We Got it 4 Cheap. Está disponível em stream no blog da editora e, mais uma vez, é Clipse com o Ab-Liva (dos medíocres Major Figgas) e o Sandman em pano de fundo. Pelo simples facto de o Malice e o Pusha T terem uma enorme capacidade de se demarcar sem grande esforço ou intenção. De destacar o freestyle com o beat da "Roc Boys (And The Winner Is)" que merecia ser a remix oficial do original do Jay-Z. Uma pena.