terça-feira, 11 de setembro de 2007

The Clash sem guitarra


Não sei até que ponto o happening de amanhã, dia 11 de Setembro, entre os novos discos do Kanye West e do 50 Cent é legítimo. Estamos, por certo, perante um choque de mentalidades vincadas por uma megalomania extrema e, principalmente, uma raiz que, pelas melhores ou piores razões, gera expectativa. É o único facto que vejo partilhado pelos dois, até porque ambos divergem em estética musical: se, por um lado, a abordagem do 50 é um espalhafato de posses e interesses - tidos em grande conta por uma base instrumental que em nada surpreende -, o 'Ye prefere solo mais fértil, criativo e arrojado, mesmo em posição arrogante e umbiguista. "I Get Money", o não-single do Curtis, foi bem recebido mas é daquelas faixas que o tempo enraba em três tempos e transforma em pó. De semelhante forma, "Can't Tell Me Nothing" e, até, "Stronger" do Graduation revelam uma possível ressaca enorme e preocupante, a qual eu já me habituei a associar a um disco como o The Hardest Way To Make An Easy Living de The Streets, que, no meio de parca inspiração, ainda se destaca um par de temas plausível. Nas palavras do 50 , o dia de amanhã não se justifica porque ambos têm visões de negócio e consequente sucesso divergentes, muito embora não deixa de referir que a máquina por detrás do 'Ye fez um trabalho estupendo na promoção do artista, tanto no desejo de um maior público (a eterna questão do hip-hop para brancos?), como na escolha da data de lançamento em questão. Da outra parte, não se suspira. Por isso, aguardo surpresas num dia recheado de tiques de marketing e marcado pela convergência de dois egos animalescos.

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